O mito é o que eu posso ser com ela, é só isso.
Viver-te Inez, custa menos do que a vida.
Sou uma mulher com uma mancha no rosto,
qualquer coisa de férreo.
Seca como pele ao sol.
Mantenho-te quente nas minhas mãos.
Sustento este vício de ser Rainha
em queda oblíqua, vou desviando o pé.
Algures, revivo a cena inesiana…
No fresco rumor da literatura,
caminho no seu rastro.
Entro num nevoeiro cheio de riscos.
Eu, ela…debruçamo-nos para a Fonte
e eu bebo-a. Adio a morte e refresco a paixão.
Frente a frente, num coração comum,
espreguiço-me até vós, como adormecida.
Cicatrizo vazios. Escorrego pela tua mão
e mando recados aos amigos,
mas a tua melancolia acontece a toda à hora.
Nesta aurora suspeita, neste mundo desconhecido,
oiço o cão a ladrar dentro cá dentro…
sei que ele me procura o pescoço.
Mas eu sou maior que ele, o devorador de rostos.
EU COMO A MORTE!
Espero por ti pela noite fora.
Cuspo nos dedos, oiço este marcante silêncio
atravessar os muros.
Dobro a ultima carta de amor.
Liberto um nó.
Fico em compasso de espera.
APONTA-ME!
Inez, Paris 2016
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