mercredi 29 mars 2017


Cartas de Amor de Pedro e Inez


 Pedro,




Descreço a possível salvação.
herdo um chuvoso cair da tarde, que me lava o caminho poderoso,
onde numa fala chá, tento florescer.
Aprumo a espera com o manto nocturno,
inspiro-lhe rezas.
Venço-lhe o medo e o sono, olho para ti tanto tempo, que desapareces.


Arranco a minha árvore aos céus,


musgo na dobra, mordo o lábio


húmido e liso,


provo as azedas e a infância,


com os dedos roídos pela ferrugem.


Sou uma estátua armadilhada


entre a hera e o sol...


Amoro o escuro onde o ventre


se dissolve em erva dos muros.



E a olho nu, esforço-me por florir.





Inez, 8.07.09


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