samedi 16 mars 2019

je marche
Rainha

                                   On mange avec délices son animal de toujours, 
                                                         frère ou ennemi, qu’importe ?

                                                         Le chant dionysiaque appelle la faim, la joie de la mastication. 

                                                         Chaque corps s’anime, se démultiplie
                                                         perds de sa résistance aux instincts primaires du goût de l’autre en sa bouche.

                                 
cartas de amor






































j'ouvre ma boîte et tu respires de la poussière du jour
j' t'écris


































 Carta de Amor de Pedro e Inez 


Pedro,

Depois de arder em estátua, numa tumular exibição, amortalhada e virada a norte, sofro desta eternidade em mim. Há horas em que sinto os anjos enrolarem-se–me 
ao  pescoço e de noite, quando todos os que aqui vieram sonhar com o nosso maior amor, face a face, se apartam e voltam para viver as suas vidas em consolos mútuos, estas pedras se dobram por mim. Sacodem-se com súbitos ares de guardadores de um grave tesouro e assopram o pó que em que se desfazem o meu vestido e suas rendas. Fixo o céu, penso que a tua morte se pica destes resíduos, que eles se esforçam por nos adornarem em conjunto, com as jóias do tempo a traçarem o meu destino de Rainha Morta. Por ti, para ti, ainda me sei perder.

Esperando que a sorte desta roda da fortuna, 
te obrigue à minha mão.

Até ao derradeiro julgamento, levo-me a mim, 
à minha alma, à Quinta e espero lá por ti.

Responde a esta carta, com mil beijos te deixo.

Inez, Paris, 13 de Setembro de 2011







                             Responde a esta carta, com mil beijos te deixo.












                                                   Carta de Inez
Fujo à noite e vou até ao lago, 
oiço assobiar os bambous secos, 
vibram, cantam e assopram magoas numa conversa de ossos cansados. Estalam entre eles os meus dedos entrelaçados.
Tardo perto da nossa fonte, nada nos precipita para este pranto, senão a ordem do teu pai. Aqui te espero sei que a morte anda apressada de me degolar. Enrolo as camândulas do meu terço vezes sem conta, juntas, gastamos o nosso brilho. Um vazio imenso cobre esta noite para me abrirem o meu lugar a terra. Seria bom ouvir-te chegar para me salvares, mas é um desejo, uma só prece, mais uma a fazer rolar o destino.
Um beijo, tua Inez
Paris, 2016




 Carta de Inez

Fujo à noite e vou até ao lago, 
oiço assobiar os bambous secos, 
vibram, cantam e assopram magoas numa conversa de ossos cansados. 
Estalam entre eles os meus dedos entrelaçados.

inez, lisboa, 2012










Carta de amor

Ô père du vent souffle sur ma peine,
sur la pourpre désolée de mes lèvres.
Je sens déjà le benjoin, la myrrhe et le nard,
ils embaument tes cheveux.
Ma belle amante, ma toute petite, mon âme amère,
il est tard, il est déjà trop tard.
Suis l’étoile… nous sommes si faibles,
l’un est le lieu de l’autre.
Mon dernier cri est pour toi.

Inez, sur ta tombe, pour toi, la rose se plie
de beauté et de velours rouge.
Adieu ma colombe, ce cœur toujours battant, 
encastré dans sa carcasse de fers et d’os,
ne libère encore que ma peine.
Creusée en dentelles et  dans le marbre,
Reste ma seule force armée d’un bras de glace.
Seule ma vengeance aura fi de ce malheur.

Ton Pedro. 

Paris, 2010.













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